Ler livro de autor brasileiro é outra coisa.
Paralelos, Editora Geração, conta a história
de irmãos gêmeos que sofrem um grave acidente rodoviário, Alexandre
morre e Vitor milagrosamente se salva. Ao morrer Alexandre descobre que
ele deveria estar vivo e seu irmão morto, um erro que coloca todo o
universo em perigo. A partir de então se desenrola uma corrida contra o
tempo (ou não, quem leu o livro vai entender!).
Confesso
que sou muito rigorosa quanto à narração de livros. Penso que se é para
ser narração em terceira pessoa ela deve ser completa, ou seja, o
narrador tem que contar vários ângulos da história, descrever
pensamentos e principalmente focar em vários personagens. Penso que um
ponto de vista durante todo o livro é característico de
personagem-narrador, ou seja, narração em primeira pessoa. Paralelos é
um livro o qual o narrador usa toda sua onisciência: conta a história de
vários ângulos, foca em vários personagens e conta diversas histórias.
O
livro é divido em três partes e essas três partes são muito bem
marcadas. E o autor, Leonardo Alckmin, usa da narração para diferenciar
essas etapas. Para montar o “mundo” de Paralelos, Leonardo optou por
abordar um assunto complexo e que, para muitas pessoas pode ser chato ou
incompreensível. Criou um mundo pós-morte abordando física, química,
religiões e filosofia de uma maneira fantástica, tudo foi muito bem
amarrado de uma forma que você acaba acreditando que é assim mesmo que
acontece. A segunda parte do livro se concentra mais nessas explicações
quebrando vários paradigmas.
A
minha expectativa geral da história era por uma batalha entre céu e
inferno, bem e mal, que Alexandre ia ressuscitar ou algo do tipo, mas
não. Nada disso aconteceu, caiu no relativismo, não que isso foi ruim.
Devido ao assunto complexo depois de algumas páginas a história ficou
chata e arrastada. Eram tantas leis de física que lá pelo meio do livro
fiquei me perguntando se o autor era físico ou algo do tipo, pois havia
uns detalhes que, bom, eu jamais entenderia. O escritor soube usou de
maneira brilhante assunto de religiões e filosofia. Dá para tirar umas
lições muito boas. Leva-nos a refletir, não é só aquela tietagem de
histórias que não dizem nada, mas como tem um forte apelo comercial
fazem sucesso.
Porém
teve uma parte que eu lamentei muito. Os capítulos destinados ao
personagem principal, Alexandre, são todos em primeira pessoa, fazendo
um parêntese, achei muito importante, pois destoou de uma forma positiva
dos outros personagens, além de dar um foco especial ao personagem
principal do livro em meio a tantas histórias. Na última parte a
narrativa dele continua, mas não mais em primeira pessoa e isso me
deixou bem chateada. Ao longo da leitura eu entendi porque, só que, as
partes mais legais do livro eram quando Alexandre contava sua versão.
Ele é um personagem querido, espirituoso, consegue fazer piada da sua
própria desgraça, é um adolescente de 17 anos que ama seu irmão e fez e
faria de tudo para salvá-lo. Senti falta da narração do Alexandre no
final.
Falando
em final, assim como a primeira parte foi uma introdução para a
história, à segunda parte foi mais como um desenvolvimento explicativo
para o final do livro. Achei o fim razoável, porém não foi isso que me
chamou atenção. Nos últimos tempos tenho lido muitas sagas e, como
sabemos sagas sempre deixam um gancho para um próximo livro. O final de
Paralelos é final mesmo! Tinha me esquecido a sensação de ler um fim de
história bem escrito, que dá rumo em todos os personagens, sem deixar
arestas soltas.
E
ler livro de autor brasileiro é outra coisa porque eu entendi os
agradecimentos! Não que eu seja burra, mas nem tudo se consegue traduzir
em um livro e isso se reflete mais nos agradecimentos. Normalmente os
autores usam gírias e frases que para nós não há equivalentes, fora
aqueles nomes esquisitos, não de pessoas, mas de empresas, sites, blogs e
lugares que normalmente não são traduzidos.
Gostei de sua resenha. Agora estou com vontade de conhecer mais do livro.
ResponderExcluirParabéns.
luizcezarescritor.blogspot.com.br