quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Entrevista Andrei Simões

Boa tarde, galera! Como vocês estão? Hoje trago mais uma entrevista com autor brasileiro \o/ 

Pois bem, o entrevistado de hoje é Andrei Simões. Particularmente não conhecia esse escritor, nem seu trabalho, mas foi uma grande satisfação fazer essa entrevista. Estou empolgadíssima para ler seu mais recente lançamento: Zon - O Rei do Nada, pela Editora Empíreo, e estou aguardando meu exemplar chegar para breve postar uma resenha aqui!

Leiam até o fim, pois vale muito a pena!


Camila Dorneles - Andrei fale um pouco sobre seu início de carreira. Quando começou a escrever?
Andrei Simões - Comecei a escrever aos 13 anos de idade, basicamente poesias. Por anos me mantive em intenso exercício poético, até que em meu sexto livro, alguns anos depois, senti-me preparado para a prosa. Desde então utilizo a poesia mais como exercício de ritmo e métrica, inserindo na prosa uma musicalidade que é inerente ao meu estilo. Publiquei um livro pela internet em 1999, escrevi para blogs, projetos artísticos e portais ao longo dos anos e minha primeira publicação em papel, através de meios tradicionais, em 2005.
CD - Como foi para publicar seus livros? Teve que batalhar muito por uma editora, era algo que queria ou tudo aconteceu por acaso?
AS - Sempre quis publicar, pois sempre soube que era escritor, mas tive o bom senso de saber que seria necessário um bom tempo de exercício e disciplina, para este possível talento pudesse progredir a ponto de tornar minhas obras relevantes. Talento por si só é inútil, transpiração é muito mais importante que inspiração. Quando resolvi publicar em papel, após ter passado por diversas experiências em meios virtuais, foi com meu oitavo livro, o Putrefação. Então estava seguro o suficiente para procurar uma boa editora, já que tinha uma obra sólida, não era um primeiro livro apressado. A primeira editora que procurei aceitou a publicação, o que ratifica a ideia de que apresentei algo relevante, ou talvez tenha sido apenas sorte. 

CD - Qual o gênero que tu escreves? Como tem sido a resposta dos leitores as suas obras? Tens um publico alvo?
AS - Gênero normalmente é uma preocupação para jornalistas ou donos de livrarias. Escrever é criar um mundo a partir de uma tela, ou papel em branco, então liberdade é a chama inicial. e pensar em gêneros talvez restrinja isso. Porém, ao longo dos anos cheguei à conclusão de que é melhor eu me rotular do que deixar os outros fazerem, então me considero um escritor simbolista, uso o simbolismo em prosa, mas também utilizando fortes elementos do realismo fantástico. Talvez eu seja um escritor de simbolismo fantástico, ou nada disso, mas definitivamente sou um defensor da mídia literária por si, nada de cinema em palavras. O que faço, bem ou mal,  é literatura.
CD - Fale sobre seus livros. Quantas obras já têm publicado?
AS - Em papel, duas. O primeiro se chama "Putrefação" e é uma novela sobre amor, vermes e as reflexões profundas oriundas da dor e do horror extremo. Publiquei em 2005 pela editora Novoséculo. Em 2013 publiquei Zon - o rei do nada, pela editora Empíreo.
Camila Dorneles - Um espaço inteiro para falar sobre Zon – O Rei do Nada! Qual a inspiração para o livro? Como foi escrevê-lo? E principalmente, de onde surgiu a ideia de trabalhar com a ilustradora Lupe Vasconcelos?
AS - Zon nasceu em 1995, em uma conversa de elevador. Bem, pelo menos a ideia inicial. Logo depois comecei a escrever contos sobre ele e na época, participando dos primeiros fóruns virtuais, outras pessoas também começaram a escrever sobre ele. Em 1999 comecei a escrever um livro de contos sobre Zon e o terminei em 2000. Desde então o tenho reescrito, readaptado, mas no final de 2012 o editor da Empíreo teve acesso ao original e então comecei a trabalhar no livro pela última vez, para finalmente vê-lo publicado. A ideia de trabalhar com a Lupe veio do editor, pois havia falado a ele que sempre imaginei Zon como uma novela gráfica, então a coadunação entre imagem e palavra nesta obra seria muito importante. Porém, o resultado final ficou muito além do que havia imaginado. O traço único e a interpretação artística que a Lupe deu para minhas palavras fez com que a obra transcendesse e alcançasse lugares que realmente não havia previsto, tornando a Lupe co-autora da obra.
CD - Há projetos futuros para trabalharem juntos novamente? Conte-nos alguma novidade literária que esteja preparando para o público.
AS - Com a Lupe eu espero trabalhar novamente o mais breve possível, mas nada certo ainda. Bem, o escritor precisa escrever. Entre um livro e outro, vários surgem, muitas vezes ideias que se traduzem em rascunhos de algumas páginas. Tenho uma pasta cheia de projetos inacabados e projetos e passei os últimos meses divulgando o Zon, mas já em fase de pesquisa para o próximo. Tudo que posso dizer é que o próximo livro será filosófico e brutal. Zon era sobre ausência da existência, da carne e explorei profundamente isso. Agora explorarei outros caminhos. O próximo livro será mais visceral. Em breve, mais novidades.


CD - Como descreveria o cenário literário no Brasil em relação a escritores brasileiros? 
AS - Não sei se tenho propriedade para falar do cenário literário brasileiro. Sou um escritor de horror no norte do país, sinto-me alienígena ao cenário estabelecido, por ter optado sempre por estilos literais marginais. Estou mais próximo de Guy de Maupassant do que de algum colega da atual cena. Fico mais à vontade entre os mortos. Mas acredito, como fã de literatura, que houve uma abertura bem interessante para o gênero de fantasia, o que é positivo para o realismo fantástico também, em consequência. Creio que isso se deva ao excelente trabalho de autores como André Vianco, que provaram ser possível fazer algo com uma pegada nacional e ao mesmo tempo, com temas universalistas. Mas estou otimista com as possibilidades para minha prosa.
CD - O que tens lido ultimamente? Autores e livros preferidos...
AS - Antes de escrever um livro eu pesquiso, leio obras onde temática e estruturalmente posso aprender. Ultimamente, como sempre na verdade, tenho recorrido aos meus autores preferidos, não para encontrar neles o meu estilo, mas justamente para saber como me posicionar entre eles, como fazer algo inerentemente meu. Então sempre estarei na companhia de Kafka, Guy de Maupassant, Poe, Lovecraft, Alan Moore e Clive Barker. Livros preferidos, algo tão difícil de responder. A cada resposta, creio que algum mudará, mas existem os mais importantes, pois me tornaram um leitor e depois um escritor. O Pequeno Príncipe foi o primeiro e possivelmente o mais importante. Depois, a obra infantil do Monteiro Lobato. Capitães da areia do Jorge Amado. Basicamente toda a obra de Alan Moore. A Metamorfose, de Kafka. O mito de Cthulhu, Lovecraft. E muito mais, melhor encerrar por aqui. 

CD - Deixe endereço de email, blog, redes sociais para quem quiser entrar em contato contigo.
AS - Agradeço pela entrevista. É sempre recompensador e divertido falar de literatura. Parabéns pelo blog!
Bem, vou deixar os endereços correspondentes à editora e um link para a compra do livro. 
Gostaria de lembrar aos seus leitores que o livro Zon foi publicado por uma editora independente, portanto, quem se interessar, não hesite em comprar o livro, curtir a fanpage e divulgá-lo nas redes sociais, você estará comprando um excelente alimento para a mente e alma e ao mesmo tempo colaborando para o desenvolvimento da literatura independente do Brasil. Lembrando que Zon é um livro totalmente ilustrado, com 66 ilustrações artísticas complexas e com uma editoração de qualidade superior aos livros das ditas grandes editoras. 
Obrigado.
Andrei, eu que agradeço a oportunidade de realizar mais essa entrevista contigo e desejo muito sucesso e inspiração para a sua carreira.

Galera, até mais!!

2 comentários:

  1. Adorei a entrevista, não conhecia o autor ainda! É legal quando se divulga assim autores nacionais. :D
    Beijos,K.
    Girl Spoiled
    http://girlspoiled.blogspot.com.br/

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